Mágoa de Boiadeiro (Índio Vago - Nonô Basílio) - Interpretada por Ouro e Pinguinho











Mágoa de Boiadeiro
(Índio Vago - Nonô Basílio)
Interpretada por Ouro e Pinguinho
Ouça aqui esta gravação de 1975 fora de catálogo.






Antigamente nem em sonho existia
Tantas pontes sobre os rios
Nem asfalto nas estradas,
A gente usava quatro ou cinco sinueiros
Prá trazer os pantaneiros
No rodeio da boiada.
Mas hoje em dia tudo é muito diferente:
Com o progresso nossa gente
Nem sequer faz uma idéia,
Que entre outros fui peão de boiadeiro
Por esse Chão Brasileiro
Os heróis da epopéia.

Tenho saudade de rever nas currutelas
As mocinhas nas janelas
Acenando uma flor,
Por tudo isso eu lamento e confesso
Que a marcha do progresso
É a minha grande dor,
Cada jamanta que eu vejo carregada
Transportando uma boiada
Me aperta o coração,
E quando olho minha tráia pendurada
De tristeza dou risada
Prá não chorar de paixão.

O meu cavalo relinchando pasto afora
Que por certo também chora
Na mais triste solidão
Meu par de esporas meu chapéu de aba larga
Uma bruaca de carga
O berrante e o facão,
O velho pasto, o sinete, o apero
O meu laço e o cargueiro,
O meu lenço e o gibão,
Ainda resta a guaiaca sem dinheiro
Deste pobre boiadeiro
Que perdeu a profissão.

Não sou poeta, sou apenas um caipira
E o tema que me inspira
É a fibra de peão,
Quase chorando imbuído nesta mágoa
Rabisquei estas palavras
E saiu esta canção,
Canção que fala da saudade das pousadas
Que já fiz com a peonada
Junto ao fogo de um galpão,
Saudade louca de ouvir o som manhoso
De um berrante preguiçoso
Nos confins do meu sertão.








Voltar ao ponto de leitura na página dos Três Botucatuenses



Voltar ao ponto de leitura no resumo biográfico de Índio Vago