"Os Embaixadores da Alegria": Assim ficou conhecida a mais famosa Dupla Caipira do Vale do Paraíba, formada em São José dos Campos-SP, em 1938. Dupla essa
que, pelo Bom Humor das letras de suas Músicas e pelas anedotas que contavam nas apresentações, também ficou conhecida como "Os Dinamitadores do Mau Humor",
durante a segunda guerra mundial.
Segundo filho de Cecília e Theódulo Gaia, Thesis dos Anjos Gaia (o Brinquinho) nasceu na Capital Paulista no dia 20/07/1915 e faleceu no
dia 23/05/1968, tendo sido sepultado em Campinas-SP.
Após o falecimento de Cecília, Theódulo se casou com Maria da Luz, com quem teve mais 4 filhos (Nemesis, Arsis, Chresis e Eleusis). E, após o falecimento
de Theódulo, a família se mudou para a cidade de Santos-SP e Thesis permaneceu na Paulicéia Desvairada.
Thésis era também irmão de Diésis dos Anjos Gaia, que foi o primeiro filho de Cecília e Theódulo Gaia. Diésis também faz parte da História da Música
Caipira Raiz, já que ele foi o primeiro
Ranchinho
da inesquecível dupla
Alvarenga e Ranchinho
(o "Ranchinho Primeiro e Único" como afirmou
Rolando Boldrin).
Euclides Honorato da Costa (o Brioso), filho de Isaura Leme e Francisco Honorato da Costa, nasceu em São José dos Campos-SP no dia 16/10/1913 e faleceu na
mesma cidade no dia 06/09/1991.
Além de Euclides, Isaura e Francisco tiveram mais 7 filhos: José, Alcides, Elvira, Erondina, Maria, Zulmira e Francisco. Francisco, por sinal, era o Músico
Bem Costa e integrava na década de 1960 o trio seresteiro BAW, juntamente com Walter Ovalle e Altino Bondesan.
Thésis e Euclides se conheceram quando trabalhavam na Prefeitura Municipal de São José dos Campos-SP. Os dois andavam sempre juntos e viviam cantando
Músicas do repertório de
Alvarenga e Ranchinho.
Tal fato chamava a atenção do Prefeito, o Engenheiro Francisco José Longo, que comparou Thesis e Euclides com uma junta de bois da Prefeitura, que era
chamada de Brinquinho e Brioso. Contava o Francisco que "...na hora de puxar o carro, um animal se encostava no outro e o carro não
andava..."
Segundo Brioso, em "História da Minha Vida Artística", "Nessa hora eu e o Thesis tivemos uma idéia. Aquele era um bom nome para uma Dupla Caipira. E o
Thesis me perguntou: 'Quer experimentar, Euclides?' Então topei, e como eu era o mais calado, disse a ele: 'Eu serei o Brioso e você será o
Brinquinho'... "
E, naquele ano de 1938, nascia a inesquecível Dupla do Vale do Paraíba!
No ano de 1939 a dupla "Brinquinho e Brioso" chegou a se apresentar juntamente com o
Cornélio Pires
e em 1940 foram contratados pela Rádio Atlântica de Santos-SP. Algum tempo depois
seguiram para o Rio de Janeiro-RJ, onde firmaram contrato com a Rádio Tupi. E, na Cidade Maravilhosa, a Dupla também se apresentava no
Cassino Atlântico do Posto 6, em Copacabana.
De volta à Capital Paulista, em Agosto de 1943, "Brinquinho e Brioso" lançaram um disco 78
RPM pela gravadora Columbia com a valsa "Cruel Destino" (Brinquinho - Brioso - Lauro de Souza)
e o cateretê "Pé de Coquerá" (Brinquinho - Brioso - Abílio Machado), que é a música, cujo trecho
o Apreciador ouve ao acessar essa página. No mesmo ano "Brinquinho e Brioso" lançaram "Moda
dos Inventores" (Brinquinho - Brioso) e "Os Poetas na Moda" (Brinquinho - Brioso - Armando
Rosas).
Foi também nesse ano de 1943 que "Brinquinho e Brioso" passaram a integrar a "Brigada da Alegria", que foi um show lançado pela Rádio Tupi de São Paulo-SP e
que percorria o Interior Paulista com excelentes Artistas ligados às Emissoras Associadas, dentre eles,
Mazzaropi,
Manoel da Nóbrega, Hebe Camargo e Lulu Benecasi, apenas para citar alguns.
A dupla também se apresentou no "Feira de Amostras", programa que Blota Júnior apresentava
na Rádio Cruzeiro do Sul na Capital Paulista. Integraram também a "Embaixada Sonora" que foi
um conjunto artístico nos Diários e Emissoras Associadas de São Paulo-SP. "Brinquinho e
Brioso" também fizeram temporada na Rádio Tupi do Rio de Janeiro-RJ.
No ano de 1944 "Brinquinho e Brioso" gravaram a rancheira "Cavalo Baio" (Buci Moreira - Conde)
e a polca "Deliciosa" (Mário Gennari Filho) (essa última com acompanhamento de Acordeon a cargo
do próprio compositor).
No ano seguinte a Dupla também se apresentou nas cidades de Belo Horizonte-MG, Salvador-BA e Recife-PE. Ainda em 1943, "Brinquinho e Brioso" fizeram uma
inesquecível apresentação no "Show da Vitória" na Ilha de Fernando de Noronha-PE que era, na época, uma base militar. Esse show foi organizado pela Rádio
Tupi em 1943 e o mesmo foi realizado em homenagem aos "Pracinhas" que haviam sido convocados para integrar a Força Expedicionária Brasileira para combater
na segunda guerra mundial.
Na foto abaixo (da capa e da página 41 do Livro de Tita Selicani "Brinquinho e Brioso - Os Embaixadores da Alegria"), a Dupla "Brinquinho e Brioso" foi
saudada entusiasticamente pelos Soldados Brasileiros no "Show da Vitória", na base que foi montada em Fernando de Noronha-PE:
No mesmo ano de 1945 "Brinquinho e Brioso" gravaram a marcha "Alô, Mister Johnny" (Arlindo Pinto -
Hélio Sindô) e o samba "Vá Pela Calçada" (Hélio Sindô - Vladimir de Melo). E em 1946 a dupla
gravou a moda de viola "Caboclo de Azar" (Anacleto Rosas Jr.), o recortado "Fartura" (Anacleto
Rosas Jr.) e a toada "Linda Serrana" (Anacleto Rosas Jr.).
A Dupla se desfez em 1945 e Brinquinho passou a cantar em Dupla com Barreto, tendo se apresentado na Rádio América de São Paulo-SP. No ano seguinte,
Thesis e Euclides refizeram a Dupla "Brinquinho e Brioso" e retornaram à Rádio Tupi de São Paulo-SP, tendo retomado o show "Brigada da Alegria".
Em 1950 "Brinquinho e Brioso" gravaram pela Continental as modas de viola "Cachorro Maiado"
(Brinquinho - Brioso - Geraldo Costa) e "Etelvina" (Anacleto Rosas Jr. - Brioso). No ano
seguinte eles gravaram a toada "Remorso" (Anacleto Rosas Jr. - Arlindo Pinto) e o xote
"Sertão do Paraná" (Brinquinho - Brioso - E. Barros).
Foi também nesse mesmo ano de 1950 que Costa Lima, Diretor da Rádio Tupi de São Paulo-SP, criou o inesquecível programa "Mutirão do Sumaré", que
consagrou a Dupla "Brinquinho e Brioso", que apresentou o programa juntamente com Nhô Zé até o ano de 1957. "Mutirão do Sumaré" recebeu grandes
Intérpretes da Música Caipira Raiz, dentre eles
Cascatinha e Inhana,
Mário Zan,
Raul Torres e Florêncio
e o Trio Gaúcho, apenas para citar alguns!
Em 1952 eles gravaram as valsas "Parabens" (Nhô Zé - Álvaro) e "Eu, Você e o Luar" (Ciro de
Souza - M. Silva). No ano seguinte a dupla gravou pela Odeon o cururu "Nossa Senhora de Nazaré"
(Palmeira), a toada "Zeca Flauzino" (Nhô Zé - Brinquinho - Brioso) e o arrasta-pé "Meu Bem
Não Chore" (Nhô Zé - Brinquinho - Brioso).
No ano de 1955 a dupla gravou a toada "Castigo de São Benedito" (Teddy Vieira - Jaime Ramos).
E em 1959 gravaram o bolero "Beijo da Traição" (Etel - Branquinho) e o xote "Carta ao Macuco"
(Etel - Farid Riskallah).
A marcha "Sanfona da Véia" (Brinquinho - Brioso - Raul Torres) é considerada como a música
de maior sucesso da dupla "Brinquinho e Brioso",
música essa que foi lançada por
Raul Torres
e Florêncio pela Todamérica no ano de 1951 e foi também regravada por Barnabé na Continental
em 1965. E o inesquecível
Mazaropi,
também cantou essa marcha no filme "Mágoas de Caboclo", produzido e dirigido por Ari
Fernandes, filmado em 1970 e, no ano seguinte, no filme "Betão Ronca Ferro", de Mazzaropi.
Brinquinho e Brioso também produziram roteiros para diversas Novelas de Rádio, que também promoviam as Músicas do repertório da Dupla.
Como exemplo, pode ser citada "Vendinha de Beira de Estrada", que foi transmitida em 1953 pelas Rádios Associadas Paulistas.
Calcula-se que "Brinquinho e Brioso" tenham deixado um acervo de cerca de uma centena de composições, que foram gravadas por diversos renomados
intérpretes, além de terem gravado um total de 42 músicas em 21 "bolachões" 78 RPM (entre 1942 e 1955), nas gravadoras Continental, Colúmbia, Odeon e
Todamérica.
Na foto abaixo (da página 29 do Livro de Tita Selicani "Brinquinho e Brioso - Os Embaixadores da Alegria"), a Dupla "Brinquinho e Brioso", num comício
em Paraibuna-SP, no dia 25/08/1958:
A Dupla "Brinquinho e Brioso" se desfez definitivamente em 1959. Segundo Brinquinho, em entrevista concedida ao Plínio Marcos, "A gente não precisava
parar.
Jararaca e Ratinho
foram convidados por um empresário para fazer show em Portugal. Impossibilitado de viajar, por questões políticas, Jararaca indicou a gente. Mas Brioso,
por causa da família, não pôde ir. Aí, sem briga, eu não quis mais continuar. E cada um foi cuidar da sua vida..."
Brinquinho passou a trabalhar como Ator e também como Contra-Regra na TV Tupi do Rio de Janeiro-RJ, onde teve grande destaque na novela "O Mistério da
Fazenda Solidão", na qual Brinquinho fez o papel de Quinzinho, um dos colonos da fazenda.
Brioso permaneceu na Rádio Tupi e formou nova Dupla com Orlando Lindones: a Dupla "Branquinho e Brioso" (foto à esquerda), que gravou 7 Discos 78 RPM entre
1959 e 1962 nas gravadoras Odeon, Chantecler, Orion e RCA. A nova Dupla atuou durante 7 anos, com diversas viagens e bastante sucesso. Jussara, Neusinha e
Brilhante acompanhavam a Dupla "Branquinho e Brioso" no Acordeon. Eliete Costa, filha de Brioso, também passou a acompanhar a Dupla quando contava 13 anos
de idade e havia aprendido a tocar a Sanfona.
A Dupla "Branquinho e Brioso" se desfez em 1965, ocasião na qual Brioso havia começado a trabalhar num Emprego Público, que garantia o sustento da família
e no qual permaneceu até o fim da vida.
Na foto abaixo (da página 84 do Livro de Tita Selicani "Brinquinho e Brioso - Os Embaixadores da Alegria"), o Trio "Branquinho, Brioso e Brilhante",
na Rádio Tupi, no ano de 1962:
Em 2004 foi lançado pela JAC Editora (F.: (12) 3948-1274) o livro "Brinquinho e Brioso -
Os Embaixadores da Alegria" escrito por
Tita Selicani
que resgata a História de Thésis e Euclides a partir de depoimentos de moradores de
São José dos Campos-SP, além de familiares dos integrantes da dupla, e também de
renomados artistas do quilate de Lima Duarte,
Irmãs Galvão,
Tinoco e
Pena Branca,
dentre outros.
Além de reproduzir Documentos e Manuscritos da época e fotos diversas de "Brinquinho
e Brioso", o livro também cita a precariedade dos Meios de Comunicação numa época em que a
Televisão ainda não existia e o Rádio ainda tinha muitas "limitações geográficas".
A "Madrinha"
Inezita Barroso
escreveu o Prefácio da Obra, afirmando que "...a Música Raiz está muito abandonada, por
isso, é importante que as pessoas se interessem em saber o porquê dos Estilos Musicais,
das Danças Folclóricas e das mais diversas Manifestações Culturais do Brasil."
Esse livro, além de ser um maravilhoso Documento Histórico e Musical, também brinda o Apreciador com o CD "Brinquinho e Brioso - Os Embaixadores da
Alegria", que foi gravado no "Estúdio Nosso Som" da Fundação Cultural Cassiano Ricardo em Novembro de 2003! Produzido por Júlio Neme, o CD apresenta 10
das melhores Composições Musicais e de maior sucesso, que consagraram a carreira musical de Brinquinho e Brioso, em interpretações a cargo de Nilton Blau,
Júlio Neme, Kardec Gonzaga, "Chico Rizzo e Berinjela", Cleverson, Jaqueline França, Eduardo Rennó, Fábio Santos, Beto Jaguary, "Eliete Costa e Luiz Paulo
Costa", Bem Costa, "Zezé e Simões", Tuia Lencione, Beto Richiere, "Navegante e Ulpiano", "Moacir e Roberlei", "Gilson e Mateus" e Hermínio.
Obs.: As informações contidas no texto dessa página são originárias principalmente do
Livro de Tita Selicani "Brinquinho e Brioso - Os Embaixadores da Alegria", do
Livro de Ayrton Mugnaini Jr. "Enciclopédia Das Músicas Sertanejas, da
Revista Viola Caipira (editada pelo Pinho)
e também do site da Gravadora
Revivendo
de Curitiba-PR, além do site
Dicinário Cravo Albin de Música Popular Brasileira.
Ver mais detalhes e links na página
Para saber mais...
onde constam as
Referências Bibliográficas
sem as quais a elaboração desse site teria sido impossível.
Essa viagem de trem pelo Interior Musical de Nossa Terra e Nossa Gente não pára por aqui:
Clique aqui
e pegue o trem, que ele agora irá para a Capital Paulista: conheça um pouquinho desse autêntico
"Caipira Nascido na Capital", aclamado popularmente como sendo "O Carlitos
Brasileiro": sua carreira teve início no Circo e, logo depois, passou pelo Rádio, e
pela TV. E, no Cinema, estreou como Ator, até se tornar seu próprio Produtor, Diretor e
Distribuidor!! Além de grande intérprete da Música Caipira, esse personagem também marcou a
História do Cinema pela excelente e emocionante representação de seus personagens "Bem
Brasileiros". Conheça um pouquinho desse Grande Brasileiro que foi o inesquecível
Mazzaropi.